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Padrões de Qualidade e Avaliações de Impacto

A baixa qualidade de dados traz consequências negativas

A qualidade dos dados é uma avaliação da precisão, atualização e consistência das informações disponíveis em uma base de dados. Entender a importância desse fator é fundamental para dar mais segurança aos gestores públicos, empreendedores e usuários da sociedade, tornando-as relevantes e garantidoras de retornos positivos.

Faz dez anos desde que os dados abertos ganharam força no cenário global. Na última década, milhares de programas e projetos em todo o mundo trabalharam para abrir dados e usá-los para enfrentar uma infinidade de desafios sociais e econômicos. No mais recente estudo do Portal Europeu de Dados sobre potencial de impacto econômico da abertura de dados, o tamanho do mercado de dados abertos é estimado em 184 bilhões de euros e a previsão é de que possa atingir entre €199 e 334 bilhões em 2025 (outro estudo, divulgado pelo governo dos EUA, já chegou a estimar mais de US$3 trilhões por ano em valor adicional em setores-chave da economia global). Além disso, o relatório considera como esse tamanho de mercado é distribuído em diferentes setores e quantas pessoas são empregadas devido a dados abertos. O ganho de eficiência que proporcionam, como vidas em potencial salvas, tempo economizado, benefícios ambientais e melhoria de serviços, além de possíveis economias de custos associados, já são explorados e quantificados sempre que possível por lideranças mundiais.

Os padrões de divulgação de dados ajudam a aprimorar a disponibilidade de bases disponíveis e oportunas, o que contribui para a construção de avaliações sólidas e a utilização eficiente desses recursos de transparência para a produção de soluções pela sociedade civil e os próprios governos. E, ao mesmo tempo,  à medida que continuamos a facilitar o uso e o compartilhamento de recursos de dados, mais empreendedores podem acessá-los e aproveitá-los de maneiras inovadoras gerando diversos benefícios para suas cidades. Os padrões de dados tornam as informações globalmente comparáveis ​​e nos ajudam a entender e tomar decisões.

Um movimento global para tornar os governos “abertos por padrão” ganhou força em 2013, quando os líderes do G8 (França, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, Alemanha, Japão, Itália e Canadá), assinaram uma Carta de Dados Abertos - prometendo disponibilizar dados do setor público de maneira aberta, sem cobrança e em formatos reutilizáveis. Em 2014, as maiores economias industriais do G20 seguiram prometendo avançar os dados abertos como uma ferramenta contra a corrupção, e a ONU reconheceu a necessidade de uma “Revolução de Dados” para alcançar as metas de desenvolvimento.

Com tantos potenciais, o impacto é também uma parte essencial da avaliação da eficácia de uma política, programa ou iniciativa de dados abertos. O objetivo de qualquer projeto ou iniciativa de dados abertos é ter algum tipo de impacto - seja transparência e responsabilidade política, benefício social ou crescimento econômico. Mobilizar as partes interessadas para entender como os dados estão sendo usados ​​e como eles podem se tornar mais acessíveis ajuda a concretizar todo o potencial dos dados abertos.

□ Iniciativas Referenciais

| Índice de Dados Abertos (Open Data Index)

O Índice de Dados Abertos (Open Data Index) é uma iniciativa global da fundação Open Knowledge e foi trazida para o Brasil em uma parceria entre a Open Knowledge Brasil e a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV-DAPP). Ela busca realizar o mapeamento do estado dos dados abertos em diversos países (e cidades) ao redor do mundo. Na primeira edição, as cidades brasileiras participantes do levantamento foram Belo Horizonte/MG, Brasília/DF, Natal/RN, Porto Alegre/RS, Salvador/BA, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ e Uberlândia/MG. Confira a gravação do evento de lançamento:

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| Maturidade Europeia

O Estudo sobre a Maturidade dos Dados Abertos serve de ponto de referência para ter uma perspectiva do desenvolvimento alcançado na abertura da Europa. Ele avalia o grau de maturidade em relação a quatro dimensões: política, portal, impacto e qualidade. O estudo reúne os países em quatro grupos diferentes: líderes, seguidores rápidos, seguidores e principiantes, desde o mais aperfeiçoado ao menos. Com base nos resultados, são formuladas recomendações adaptadas ao grau de maturidade e às características de cada grupo.

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| Schema Data  (França)

A França, através do Etalab, promove um esforço de disponibilizar os dados com maior impacto econômico e social. Verificou-se que muitos conjuntos de dados são difíceis de usar, devido à sua baixa qualidade ou interoperabilidade. Uma maneira de responder a essa observação é propor esquemas de dados compartilhados pelo maior número. O laboratório lançou em 2019 uma iniciativa rara para melhorar a qualidade dos dados: a plataforma virtual Schema Data. Ela funciona como um serviço de referência e suporte para a criação de esquemas de dados públicos, que podem ser usados ​​pelos produtores de dados. O esquemas são usados ​​para descrever modelos de dados: quais são os diferentes campos, como os dados são representados, quais são os valores possíveis, etc. É possível consultar o esquema de dados referenciado, para validar se um conjunto de dados está em conformidade com um esquema, gerar documentação e fazer a amostragem de conjuntos de dados automaticamente ou sugerir formulários padronizados de inscrição. 

Schema Data Gouv France

| Dados Econômicos  (FMI, Banco Mundial, Tesouro Nacional)

Demonstrando a importância dada à qualidade da informação, o Fundo Monetário Internacional (FMI) relaciona em sua página da Internet as iniciativas de países para melhoria das estatísticas econômicas e disponibiliza um modelo para aprimoramento e avaliação das informações. Cinco dimensões - garantias de integridade, solidez metodológica, precisão e confiabilidade, facilidade de manutenção e acessibilidade - da qualidade dos dados e um conjunto de pré-requisitos são o centro da Estrutura de Avaliação de Qualidade de Dados do FMI (DQAF). O DQAF, usado para avaliações abrangentes da qualidade dos dados dos países, inclui ambientes institucionais, processos estatísticos e características dos produtos estatísticos. Em colaboração com o Banco Mundial, também foi desenvolvido um módulo DQAF sobre renda familiar em um contexto de pobreza.

Além disso, o IMF disponibiliza em uma seção especial, a Página de Dados Nacionais Resumidos, um “portal de dados” para países que adotam suas ferramentas de integração de dados. Ela permite que os usuários acessem dados, visualizem metadados ou naveguem em links para conjuntos de dados online para todas as categorias disponíveis para um país, mesmo que essas categorias sejam compiladas por várias agências estatísticas distintas. Para os países participantes, permite a troca e o compartilhamento automáticos de dados e metadados estatísticos. Hoje, o Padrão SDDS é uma referência global para disseminar estatísticas macroeconômicas ao público - a adesão ao sistema indica que um país cumpre o teste de "boa cidadania estatística".

| OECD OURdata Index

O Índice OURdata da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma perspectiva e avaliação dos esforços de seus governos para implementar dados abertos nas três áreas críticas: Abertura (incluindo o número de conjuntos de dados disponíveis), Utilidade (em particular a qualidade e integridade dos dados) e Reutilização de dados do governo (promoção de dados abertos, criação de cursos de treinamento ou medição do impacto da abertura). As informações para o índice são obtidas dos países membros e concentram-se nas realizações das gestões para garantir a disponibilidade e acessibilidade dos dados do setor público e estimular uma reutilização maior (entenda a metodologia e veja trabalhos publicados aqui). O organismo internacional ainda possui um estudo bianual de governança abrangente, o Visão Geral do Governo, que fornece dados confiáveis ​​e comparativos internacionalmente sobre a efetividade do governo e seus resultados nos países da entidade - que sempre que possível, também reporta dados para o Brasil, China, Colômbia, Costa Rica, Índia, Indonésia, Federação Russa e África do Sul.

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| Conselho Mundial de Dados da Cidade (WCCD)/Data for Cities

O WCCD é um centro global para parcerias de aprendizado criativo entre cidades, organizações internacionais, parceiros corporativos e universidades, para promover mais inovações, visualizar futuros alternativos e construir cidades melhores e mais habitáveis. O WCCD desenvolveu o primeiro sistema de certificação ISO 37120 e o Global Cities Registry ™ em matéria de dados abertos de cidades, publicados pela primeira vez em maio de 2014. Como líder global em métricas padronizadas, a WCCD está implementando a ISO 37120 Desenvolvimento Sustentável das Comunidades: Indicadores para Serviços Urbanos e Qualidade de Vida, um padrão internacional criado por cidades, para cidades (indicadores padronizados permitem que avaliem seu desempenho, meçam o progresso ao longo do tempo e também tirem lições comparativas de outras cidades local e globalmente). 

Veja algumas cidades que já adotam o padrão do WCCD>

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| Open Data Barometer

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Barômetro de Dados Abertos visa descobrir a verdadeira prevalência e impacto de iniciativas de dados abertos em todo o mundo. Ele analisa tendências globais e fornece dados comparativos sobre países e regiões por meio de uma metodologia aprofundada que combina dados contextuais, avaliações técnicas e indicadores secundários para explorar várias dimensões. A iniciativa é um trabalho da World Wide Web Foundation, criada em 2009 pelo inventor da Web, Sir Tim Berners-Lee.

| Open Data Monitor (Europa)

Como plataforma, a Open Data Monitor oferece aos visitantes uma visão geral dos recursos de dados abertos disponíveis, permitindo que eles analisem e visualizem catálogos de dados existentes nos países europeus usando tecnologias inovadoras. Por exemplo, a agregação de catálogos de uma região ou país pode ser facilmente visualizada para desenhar uma imagem exata da situação dos dados abertos e permitir a comparação com outras áreas. Esses processos revelam informações ocultas em potencial e essenciais dos recursos existentes e identificam lacunas onde são necessários dados abertos adicionais. Um dos principais objetivos do sistema é  desenvolver um esquema de harmonização e metodologias para abordar a diversidade de bases.

| Open Data Watch

(Inventário de Dados Abertos)

Por meio desta ferramenta da organização Open Data Watch se consegue avaliar a cobertura e a abertura dos dados proporcionadas nas páginas virtuais dos órgãos nacionais de estatística de 178 países de baixa e média renda. Cada avaliação envolve 21 categorias de estatísticas sociais, econômicas e ambientais. Na visualização do inventário pode-se explorar as pontuações de cobertura e abertura por país e sua posição geral no ranking

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|  Estudos do GovLab da

Universidade de Nova York

GovLab da Universidade de Nova York lançou um novo repositório de estudos de caso detalhados sobre o impacto que os dados abertos estão tendo no mundo todo. Já estão incluídos 25 cenários e um relatório com recomendações. As análises estão centradas em quatro tipos de impactos: melhoras nos governos, capacitação aos cidadãos, criação de oportunidades para os cidadãos e organizações e resolução de problemas públicos.

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|  Estado dos Dados Abertos (Rede OD4D)

A Open Data for Development (OD4D) é uma rede global comprometida com o avanço do entendimento, uso e impacto dos dados abertos. A iniciativa apoia projetos de pesquisas críticas e a evolução de ecossistemas de dados abertos nos países em desenvolvimento, a fim de estimular mudanças sociais, aumentar a transparência do governo e favorecer o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU. O State of Open Data é um ambicioso projeto de pesquisa de 18 meses, projetado para refletir sobre 10 anos de ação comunitária e revisar a capacidade dos dados abertos para enfrentar os desafios sociais e econômicos em vários setores, regiões e comunidades. Com mais de 65 autores, um Conselho Editorial e uma metodologia de desenvolvimento que permite flexibilidade e feedback da comunidade, traz histórias e horizontes com uma infinidade de perspectivas para a tarefa de revisar o estado da abertura de dados.

|  Dublin Core Metadata Initiative

Os metadados geralmente são definidos simplesmente como "dados sobre dados". Eles fornecem as informações necessárias para o uso eficaz de uma fonte específica de dados e podem incluir detalhes sobre sua fonte, estrutura, metodologia subjacente, cobertura tópica, geográfica e/ou marcador temporal, licença, quando foi atualizada pela última vez e como é mantida (saiba mais sobre o assunto aqui). Tipos específicos de dados geralmente incluem metadados adicionais, conforme apropriado - por exemplo, as fotografias digitais podem incluir um carimbo de data/hora, informações sobre o equipamento usado, configurações de abertura e possivelmente a localização do GPS.

A Dublin Core Metadata Initiative (DCMI) fornece uma estrutura e vocabulário principal de termos de metadados que podem ser aplicados à maioria dos recursos eletrônicos. O Dublin Core é muito usado no DCAT, um padrão projetado para facilitar a interoperabilidade entre catálogos de dados baseados na Web. Os governos podem desenvolver seus próprios modelos de metadados (de preferência com base em padrões estabelecidos, como o DCAT) para fornecer maior uniformidade às iniciativas de dados abertos em todo o governo - conheça alguns exemplos aqui.

|  Conferência Internacional de Dados Abertos

A Conferência Internacional de Dados Abertos foi projetada para reunir a comunidade global de dados abertos, a fim de aprender, compartilhar, planejar e colaborar no futuro de dados abertos e dados para desenvolvimento. A 6 ª edição da Conferência Open Data Internacional será realizada em Nairobi, Quênia - com o apoio do Centro Internacional de Pesquisa em Desenvolvimento (IDRC), do Banco Mundial e da Rede de Dados Abertos para o Desenvolvimento.

Saiba Mais

Não deixe de conferir os estudos acadêmicos divulgados pela Government Information Quarterly, uma revista internacional que examina a interseção de políticas, tecnologia da informação, governo e público. A GIQ se concentra em como as políticas afetam os fluxos de informações governamentais e a disponibilidade de informações governamentais; o uso da tecnologia para criar e fornecer serviços governamentais inovadores; o impacto da tecnologia da informação no relacionamento entre os governados e os que governam; e a crescente importância das políticas e tecnologias da informação em relação às práticas democráticas. Consulte ainda nossas seções especiais sobre Políticas de Abertura e Artigos para ver mais conteúdo aprofundado.

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