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Aplicativos de Soluções Urbanas

A revolução dos serviços ao alcance das mãos

A sociedade civil como protagonista do uso de dados públicos para desenvolver soluções inovadoras para problemas coletivos por meio da tecnologia, trazendo novas visões e melhoria de serviços através de uma maior participação cívica.

Em Pernambuco, diversos aplicativos já foram produzidos como resultados de maratonas de criação utilizando plataformas de dados abertos (os hackatons) – esta seção apresenta alguns deles, além de iniciativas independentes que buscam apresentar soluções ou aliviar problemas urbanos em várias frentes: questões de gênero, hortas urbanas, mobilidade, segurança pública. Outros podem ser conferidos ainda nas seções especiais sobre Fiscalização Cidadã e Smart Cities/Cidades Inteligentes. O governo federal e as prefeituras do Recife e São Paulo também listam em seus portais oficiais tecnologias produzidas com base em dados divulgados.

Dados Abertos | Como os dados abertos podem ser utilizados com o propósito de desenvolver tecnologias cívicas? Confira um Painel sobre o assunto (realizado em 2018) com a participação dos especialistas Fernando Masanori, Judite Cypreste, Eduardo Cuducos, Álvaro Justen e Letícia Portella ou ainda um artigo especial:

□ Temas Diversos

| Fogo Cruzado

▫  Dados de Segurança Pública e Violência

A população da região metropolitana do Recife pode contar com uma ferramenta para mapear a violência armada nas cidades. O Fogo Cruzado, laboratório de dados sobre violência armada, iniciou suas operações na RMR em abril de 2018, disponibilizando informações através de um aplicativo e mapa colaborativo. Além de receber notificações de usuários diretamente via aplicativo, a equipe de gestão de dados do Fogo Cruzado recebe informações diretas de parceiros que atuam in loco. Neste caso só são consideradas fontes conhecidas, com as quais já existe relacionamento prévio, como coletivos, comunicadores e moradores ativos localmente (a equipe também adiciona às bases de dados as informações recolhidas via imprensa e canais das autoridades policiais e as notificações publicadas no mapa são sinalizadas de acordo com suas fontes).

Em 2019, a análise passou a ser realizada pelo GAJOP e em 2020, a API do Fogo Cruzado foi uma das finalistas do Sigma Data Journalism Awards 2020, na categoria “Dados Abertos” - o Prêmio celebra o melhor do jornalismo de dados no mundo e contou com 510 projetos inscritos de 66 países. Confira os relatórios produzidos em PE ou saiba mais no website oficial

| Colab ▫ Ouvidoria Municipal

Considerado o melhor aplicativo urbano do mundo pela New Cities Foundation, o Colab tem como objetivo estimular uma gestão pública colaborativa e mais eficiente conectando cidadãos às prefeituras para a resolução de problemas. A primeira prefeitura a firmar um contrato foi a de Teresina, em dezembro de 2015. Hoje, estão no portfólio da empresa as cidades pernambucans de Recife e Ipojuca (PE) – além de outras no país, como Campinas (SP), Santos (SP), Niterói (RJ), Mesquita (RJ), Cruz Alta (RS), Santo André (SP), Juiz de Fora (MG) e as capitais nordestinas Maceió e Aracaju.

“Para os cidadãos, o Colab funciona como uma rede social semelhante ao Instagram, porém focada principalmente na zeladoria urbana. No seu perfil, a pessoa pode postar fotos de problemas da cidade (buracos na rua, iluminação pública, esgoto a céu aberto, mato alto e praças abandonadas etc.)  e solicitar uma solução. Em cada postagem é possível acompanhar quando a prefeitura recebeu a notificação e se o pedido foi ou não solucionado. Todas essas informações ficam disponíveis nas postagens. Na outra ponta, a prefeitura acessa essas reclamações e tem uma solução de tecnologia em nuvem para dar andamento às solicitações.

A plataforma tem um sistema de fluxo de trabalho em que cada etapa do atendimento é registrada até a conclusão. Com isso, além de agilizar o atendimento, a prefeitura tem acesso a todos os dados que são gerados a partir das reclamações, como regiões onde estão os problemas, tempo de assistência, recorrência, solução etc. Desde 2016, o Colab tem também uma ferramenta para que as prefeituras abram consultas sobre questões da cidade, o que ajuda na tomada de decisão e na coleta de dados (entre os exemplos, SantosTeresinaJuiz de Fora e até Recife).”

 Adaptado de “Como o Colab, uma rede social focada na zeladoria urbana, cresceu e se tornou um negócio lucrativo”. Matéria Projeto Draft, 17.09.18.

Emblema do primeiro prêmio

Com utilização livre e gratuita, em 2015 o Colab.re foi eleito o Negócio de Maior Impacto Social do Mundo e a Startup de Maior Potencial Global pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Confira uma apresentação >

□ Mobilidade

| Biciflow ▫ Segurança para Ciclistas

Saiba mais: “Biciflow, app para ciclistas, lança versão mais estável para Recife“, Diário de Pernambuco, 17.06.19.

Ainda em 2015, o Biciflow foi apresentado no Startup Weekend Recife, sendo um dos mais votados para serem desenvolvidos. A partir daí, a iniciativa foi levada e pré-incubada no Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (CIn-UFPE), recebendo mentorias de especialistas e acompanhamento. O aplicativo, tecnologia que permite ao ciclista criar rotas adequadas para pedalar e fazer rotas em grupos, está disponível para todo o Brasil, mas no Recife, cidade teste da plataforma, as funcionalidades estão sendo lançadas em primeira mão – por exemplo, na capital pernambucana já é possível visualizar as estações do BikePE, com a quantidade de bicicletas e vagas disponíveis. 

A tecnologia permite que o ciclista crie e salve rotas adequadas para o pedal, compartilhe de modo público com outras pessoas e até marque para pedalar com outros ciclistas, numa espécie de Tinder do pedal. A proposta é que os ciclistas com trajetos e horários em comum possam pedalar em grupo para aumentar a segurança entre si em relação ao trânsito e à violência. 

| Navegue ▫ Transporte Fluvial

Muitos recifenses sonham em fazer seus deslocamentos na cidade pelo Capibaribe. Seria uma maneira prazerosa de livrarem-se do trânsito e ainda contemplar o Recife a partir do ângulo de quem navega nas águas. O aplicativo Navegue pretende ser uma espécie de “Uber dos barcos”, recebe apoio do governo britânico e já passou pela fase de mentorias, estando incubado no Porto Digital. É desenvolvido por uma equipe multidisciplinar e foi fruto de um hackaton (maratona), realizado no início de 2019 com o tema de mobilidade (o Open Mobility Hack).

O Rio Capibaribe já serviu como corredor de mobilidade da Companhia de Transportes Urbanos (CTU) até meados da década de 70, um pouco antes da grande enchente de 1975. E é essa vocação que um grupo de profissionais quer resgatar com a ajuda da tecnologia. Batizado de Navegue – Soluções para Expansão do Transporte Fluvial, o aplicativo pretende “dar o match” entre uma demanda significativa da população que deseja esse tipo de modal e um serviço já existente, realizado através dos “barqueiros”, de maneira informal.

MATÉRIA REVISTA ALGO MAIS, 25/06/19

Emblema do primeiro prêmio

Prêmio – A startup Navegue, aplicativo que pretende unir demanda e serviço por transporte fluvial pelo Rio Capibaribe, ganhou em agosto de 2019 o primeiro lugar no Desafio de Inovação, Empreendedorismo e Sustentabilidade do Principado de Mônaco, durante a Gramado Summit, um dos maiores eventos de startups do país, que acontece no região sul do Brasil (destaque matéria do Diário de Pernambuco, 05/08/2019). 

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□ Horta Urbana

| RePlant ▫ Mapeamento Comunitário e Plataforma Educativa

Já imaginou trocar o tomate cereja plantado na sua horta orgânica pelo manjericão cultivado na horta do seu vizinho? Foi com a ideia de promover essa integração social entre comunidades que estudantes da Faculdade de Ciências Humanas Esuda e UFRPE desenvolveram o aplicativo gratuito REplant. A ferramenta, criada a partir de um hackaton da Prefeitura do Recife, fornece dicas de cultivo e sugere locais de troca e venda de mudas, além de estimular as pessoas a optarem por uma alimentação livre de agrotóxicos e terem mais contato entre si e com a natureza. Outro ponto interessante é que o aplicativo dá espaço para as pessoas criarem eventos, como feirinhas agroecológicas, da mesma forma que ocorre no Facebook. Ou seja, descreve o evento com hora e endereço e convida as pessoas escolhidas. Confira abaixo uma matéria sobre seu lançamento (em 2018), e outra mais atual, sobre sua utilização em 2020.

□ Gênero

| Freeda ▫ Violência Contra a Mulher

Com o lema “Meu andar é livre”, o Freeda foi, em conjunto ao Replant, o aplicativo ganhador do Hacker Cidadão de 2017 (saiba mais sobre os Hackatons na seção especial), a maratona promovida pela Prefeitura do Recife. No evento, a equipe de programadores desenvolveu uma solução para o problema de segurança com o tema “espaço seguro para as mulheres”. Na plataforma, a usuária também pode encontrar lista de serviços e equipamentos disponíveis para as mulheres que estão em situação de violência doméstica ou sexista.

O Freeda mapeia os locais inseguros através da geolocalização e dos dados registrados pela Secretaria de Defesa Social, e auxilia as mulheres em como proceder em casos de violência de gênero. O aplicativo é gratuito e, por enquanto, está disponível apenas para o sistema Android. As mulheres que se sentirem, de qualquer forma, ameaçadas ao realizar um trajeto pela cidade poderão denunciar, através do app, à Ouvidoria do Recife, que encaminhará as denúncias ao site da Prefeitura

| Mete a Colher ▫ Violência Contra a Mulher

“Por meio de um financiamento coletivo que arrecadou R$ 47 mil, em 45 dias, o app Mete a Colher foi lançado em julho de 2017, com o propósito de conectar mulheres que precisam de apoio para enfrentar um relacionamento abusivo e romper o ciclo de violência doméstica. A jornalista e co-fundadora da startup, Renata Albertim, 31 anos, diz que o valor arrecadado ajudou a viabilizar a ideia que havia nascido em março de 2016, durante o Startup Weekend, realizado em Recife (PE).

A verba foi usada para pagar uma empresa capaz de desenvolver, de forma rápida e eficiente, o app. Em fevereiro deste ano (2019), uma nova versão foi lançada, atendendo diversas cidades do país e com o apoio financeiro de grandes empresas, como Instituto Avon, Magazine Luiza e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).”

Adaptado de “Criadora do app Mete a Colher fala sobre o projeto que salva mulheres“. Matéria Universa – UOL, 10.03.19.

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| Nina ▫ Assédio e Abuso de Mulheres nos Ônibus

“Uma pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública afirma que entre 5,2 milhões e 7,9 milhões de brasileiras com mais de 16 anos relataram ter sido vítimas de assédio físico no transporte coletivo em 2016. Desses milhares de mulheres, apenas 11% disseram ter procurado uma delegacia da mulher. Quem lembra esses dados é Simony César, a pernambucana criadora do projeto Nina, recurso que rastreia esse tipo de violência no transporte coletivo, e uma das finalistas do Desafio InoveMob. O que começou com uma pesquisa no campus onde Simony estudava, hoje é responsável por ser o estopim de uma política pública.

(…) Simony explica que seu desejo não é apenas a criação de um botão de denúncia, mas realmente suscitar a elaboração de uma rede de assistência. “A gente não quer dar o ponto sem nó. Nosso objetivo com a implantação do Nina é ajudar não só a sociedade, com um canal facilitado para a realização da denúncia, mas também ajudar a gestão municipal e estadual na criação e precisão de políticas públicas com base na inteligência dos dados capturados pela tecnologia Nina, que denominamos como sensor de Smart Cities.”

 Matéria WRI Brasil “Nina, finalista do InoveMob, oferece tecnologia para mapear assédios na mobilidade urbana”.

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O Nina foi adotado como um botão de alerta em aplicativo adotado pela Prefeitura de Fortaleza em 2019. Confira uma reportagem e um vídeo institucional:

A empreendedora pernambucana Simony César, de 27 anos, e criadora do Nina, foi uma das selecionadas para integrar a edição de 2019 da lista 'Under 30', de 90 jovens empreendedores promissores de até 30 anos da Forbes. Em entrevista ao JC, ela falou sobre a tecnologia que tem como objetivo registrar e mapear denúncias de assédio que ocorrem no transporte coletivo:

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Créditos fotos banner topo:

Capa Revista Forbes; Divulgação Nina; Tom Cabral/Revista AlgoMais (App Navegue) e Brenda Alcântara/Folha PE (App RePlant).

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